sexta-feira, 8 de abril de 2011

Anjos da Guarda



ANJOS DA GUARDA


A palavra anjo, que extraída do hebraico mal'ak do Antigo Testamento ou do grego angelos do Novo Testamento, significa "mensageiro".


Os anjos são mensageiros de Deus, enquanto os anjos decaídos são mensageiros de Satanás.Diferentemente de Deus, os anjos não existem desde a eternidade.


Na região celestial, o número de anjos é incontável.É certo afirmar que existem milhões e milhares de seres celestiais, pois cada ser, possue o seu anjo da guarda, muitos as vezes ajudam outras pessoas, como pessoas muito deblitadas pelas drogas por exemplo, fazendo que o seu próprio anjo não consiga ajudar essa pessoa sozinho.


Eles são espíritos,(ou presença pois qualquer ser pode sentir a presença do seu anjo). Porque diferentemente dos homens, não são limitados às condições físicas.Apesar de serem espíritos, ou seja, não possuem um corpo físico, são capazes de assumir uma aparência humana, a fim de tornarem sua presença visível aos homens.Outras características dos anjos é que aparecem e desaparecem à vontade e movimentam-se com uma rapidez inconcebível. São imortais, poderosos, possuidores de grande inteligência e sabedoria.


Eles não possuem sexo. Não são de modo algum onipresentes, atributo este pertencente somente à divindade.Os anjos possuem qualidades que caracterizam uma pessoa. Por exemplo: São seres racionais e morais criados com capacidade de discernir e fazer o que é certo ou errado.Devotam adoração inteligente.Possuem emoções.Foram compensados pela obediência e castigados pela desobediência.


SÃO SÁBIOS E PODEROSOS Por meio das Escrituras, tornou-se manifesto o mundo espiritual, revelando que os anjos são possuidores de sabedoria e inteligência sobre-humana.


Foram criados como ajudantes de Deus, de Cristo e de todas as pessoas para que todos os encarnados, em todos os níves de consciencia possam cumprir seu plano divino na Terra.


Além disso, conversam entre si. Antes de Lúcifer se revolta contra Deus e levar muitos anjos com ele(anjos caídos), todos os anjos foram criados primordialmente para ter sua existência centrada na Divindade.


Os anjos são nossa maior ponte para nos conectarmos com Deus, pois se acreditarmos neles, e pedirmos sua ajuda, se quisermos uma aproximação com nosso anjo, de coração puro e com fé, obteremos,qualquer pessoa, seja da religião que for, pode ter esse contato de uma forma mais simples do que se imagina


.Ou seja, os anjos na verdade são os nossos maiores guias, pos de forma muito simples podemos crescer através deles.


Os Anjos podem mudar sua vida.


E tudo o que terá de fazer é pedir que eles o ajudem. Apenas isso. Vamos considerar alquimicamente essa decisão, analisando suas quatro condições necessárias: querer, poder, saber e ousar.


Querer: Dou como certo que você quer entabular essa comunicação e que deseja realmente pedir ajuda aos planos superiores da existência. O querer é o motor de tudo. E se esse motor falhar ou inexistir, não haverá possibilidade de atingirmos a meta nem de obtermos resultado algum, por muito que essa meta e esses resultados tão desejados estejam nos esperando após a primeira curva do caminho.


Poder: todos podemos. Nem mesmo o fato de não se acreditar na existência dos Anjos será um impedimento para recorrermos a eles e nos beneficiarmos de sua ajuda. É mais do que certo que o poder da fé é enorme e que ela "move montanhas", mas nesse caso seu papel - embora ajude a estabelecer a comunicação - não é primordial. Não estamos aqui tratando de nenhum tipo de "auto-ajuda", "auto-programação" ou "auto-hipnose", mas sim de pedir - e obter - o auxílio de seres tão reais como nós, mesmo que nossos sentidos não sejam capazes de percebê-los. Saber -na realidade, não existe protocolo nem normas estabelecidas. Qualquer chamada, qualquer tentativa de nos dirigirmos a eles que seja sincera e parta do coração chegará, será ouvida e atendida. No entanto, para evitar interferências é bom ter as seguintes recomendações em mente, que não passam de leis universais aplicadas a este caso em particular.


1. Evitar a pressa e a precipitação. Mesmo que as chamadas urgentes e desesperadas sejam prontamente atendidas, o contato com nosso Anjo da guarda - ou qualquer outro - se realiza melhor em uma atmosfera de calma e tranquilidade, tanto interior como exterior.


2. Lembrar-se sempre do imenso poder criativo da palavra. A fala inconsciente e ociosa contém sempre um perigo, e esse perigo se multiplica por mil quando os termos empregados têm uma carga transcendente ou divina. Na Religião judaica, a proibição de pronunciar o nome de Deus não precisa de justificativa. Até hoje, nos países de língua francesa, a expressão Nom de Dieu!, que para nós soa muito inocente, é considerada uma das piores blasfêmias a ser pronunciadas. E precisamente um dos mais frequentes abusos das palavras são as blasfêmias e as maldições. Por isso é conveniente evitarmos a companhia daqueles que costumam contaminar o espaço com palavras ociosas, para que a energia positiva não se distancie dali. É importante abster-se do emprego inconsciente daqueles termos que se referem ao mais sagrado: Deus, Jesus, a Virgem e todas as combinações de letras que nos ligam, de um modo ou de outro, aos planos superiores. O uso dessas palavras sempre provoca um efeito, e sua utilização em momentos de cólera ou rancor tem a mesma consequência de jogar uma pedra para o alto e ela, ao cair, atingir nossa própria cabeça. Tudo irá melhor na nossa vida se reservarmos as palavras importantes para momentos importantes.


3. Empregar sempre o tempo presente em nossos pedidos. No mundo dos Anjos não existe passado nem futuro; o sábio sufi Nasafi escreveu há mais de 1300 anos: "Os Anjos estão no mundo invisível, eles mesmos são o mundo invisível. Nesse mundo não há ontem nem amanhã, nem passado nem ano presente nem próximo ano. Indiferentemente, 100mil anos passados e 100 mil anos futuros estão presentes. Já que o mundo do invisível não é o mundo dos contrários, a oposição é apenas um produto do mundo visível. O tempo e a dimensão temporal existem somente para nós, filhos das esferas e das estrelas, habitantes do mundo visível. No mundo invisível, não há tempo, nem dimensão temporal. Tudo o que existiu, existe e irá existir, está sempre presente". Portanto, devemos nos esforçar para não utilizar o passado e o futuro em nossos pedidos, a fim de evitarmos que seja difícil para o nosso Anjo captá-los. Lembre-se de que ele só conhece "o agora".


4. Expressar-se sempre de uma maneira positiva. Por exemplo, jamais devemos pedir: "Que eu não perca meu emprego" ou "Que meu marido não morra", e sim, pedir aquilo que de fato desejamos, de forma simples e direta: "Manter nosso trabalho" ou "que meu marido tenha sempre saúde e que o amor reine em nosso casamento". Ao utilizarmos frases negativas, mesmo que de maneira inconsciente, já estaremos imaginando a perda, a derrota, e será isso o que transmitiremos aos planos mais sutis da realidade e aos seres que atenderão às nossas súplicas; como consequência, é bem provável que seja isso o que obteremos no final.


5. Considerar o assunto terminado, até incluindo no pedido agradecimentos por já ter sido resolvido o problema apresentado. Essa é a forma mais efetiva de eliminar as dúvidas, que com certeza também seriam transmitidas, criando obstáculos em todo o processo. Trata-se de evitar por todos os meios que, enquanto nos dedicamos a fazer o pedido da melhor maneira possível, nossa mente esteja, na realidade, transmitindo: quero isto, mas não tenho muita certeza de que este pedido servirá para algo. Qual das duas idéias os Anjos deverão captar?


6. Sermos muito cuidadosos, pois receberemos exatamente aquilo que estamos solicitando, com toda uma série de implicações- inerentes ao fato ou ao objeto desejado - que talvez não consigamos imaginar. Convém compararmos as circunstâncias e as situações da vida com uma moeda: é impossível ter uma moeda com apenas uma face. Quem quiser possuí-la, forçosamente terá a moeda com duas faces.


7. Sermos claros e concisos, evitando as incongruências. Os Anjos não gostam de ouvir bobagens. Nunca devemos cair no absurdo de brincar com orações, como, por exemplo: "Senhor, dai-me paciência, mas a quero já"; nem de fazer pedidos malucos como o de um marido que deseja que a esposa lhe seja fiel, enquanto ele a trai com diversas amantes; nem de ter falsas atitudes como a de um ladrão profissional que assiste à missa e comunga todos os dias antes de iniciar sua jornada de "trabalho".


8. Finalmente, é importante dar as graças. Isto fecha e conclui o ciclo. A ação de agradecer consolida o favor obtido e nos confere título de propriedade sobre ele. Omitir o agradecimento é deixar aberto um círculo, pelo qual a energia pode escapar deixando efeitos indesejados. Ousar - o passo mais decisivo é ousar a abordagem de um tipo de comunicação e de relação totalmente diferente.


O primeiro passo é ousarmos pensar que, mesmo que nosso sentidos não captem os Anjos, existe a possibilidade de que sejam uma realidade e de que uma comunicação deles conosco é perfeitamente possível.


Quem já possui essa crença precisa evitar acreditar que se trata de algo próprio de sua Religião. Não é assim. Estamos falando de uma realidade que supera e transcende todas as religiões. Por isso é conveniente desprender-se de todo sentimento de exclusividade religiosa. De imediato, devemos deixar de nos sentirmos privilegiados porque professamos a "verdadeira" religião.


Todas as religiões são verdadeiras para seus seguidores e todas são falsas para os demais. A crença que nossa religião é verdadeira e as demais falsas será apenas um obstáculo no caminho do nosso progresso espiritual - e da nossa salvação -, um obstáculo que, mais cedo ou mais tarde, teremos de eliminar. Os que não acreditam que os Anjos existem - e que eles desejam nos ajudar - deverão adotar essa possibilidade como uma hipótese de trabalho, e pensar que se a existência dos Anjos é real, essa realidade terá de ser muito mais forte que qualquer bloqueio originado por sua incredulidade, e capaz de vencer tal bloqueio e de manifestar-se, senão de uma maneira sensível - dadas as limitações dos nosso sentidos -, com fatos, pois, no fim das contas, são esse que nos interessam.


Temos que nos atrever a iniciar uma comunicação com os anjos e lhes pedir ajuda, porém mantendo a mente totalmente aberta, sem querer forçosamente encurralá-los com nossas idéias preconcebidas. "Peçam, e lhes será dado! Procurem, e encontrarão! Batam, e abrirão a porta para vocês! Pois todo aquele que pede, recebe; quem procura, acha; e a quem bate, a porta será aberta. Quem de vocês dá ao filho uma pedra quando ele pede um pão? (Mateus 7,7-9)

domingo, 3 de abril de 2011

A Natureza da Experiência Mística Joy Mills

Conhecer é a necessidade básica do homem. Às vezes ficamos contentes de saber que outros homens conhecem, de que o conhecimento sobre muitas coisas está disponível para nós se quisermos obtê-lo. Mas há uma área de conhecimento que fazemos questão de possuir só para nós mesmos. Pode ser suficiente, por exemplo, que alguns homens conheçam as minúcias da estrutura atômica ou as órbitas celestiais das esferas; como leigos, não estamos equipados nem desejamos duplicar os conhecimentos desses homens. Há saber, no entanto, que deve ser individual; aliás, a validação universal deste tipo de saber jaz em sua própria singularidade à medida que vem para cada um de nós com o frescor de uma nova invasão de significado. Quando os eventos, as circunstâncias, ou as próprias condições de vida nos empurram com uma urgência que não podemos negar para descobrir as raízes de nosso próprio ser, já não mais estamos satisfeitos com o conhecimento de um outro homem. É a nossa própria visão que deve iluminar o coração, nossa própria sabedoria que deve iluminar a mente.

A procura do significado

Que coisa é essa que o homem precisa conhecer? A busca é essencialmente por significado: a capacidade de infundir significância no mundo é a marca distinta do homem. Perguntamos como funciona o mecanismo do universo, observando o funcionamento de todas as coisas. Então a crescente percepção exige outro tipo de compreensão. Pedimos para conhecer a ordem interna da natureza, a natureza interna da vida. Agora se deve proceder a um assalto à própria cidadela do significado. Afinal de contas a consciência exige nada menos que a tomada da fortaleza da Realidade na qual reside a totalidade da compreensão.
A experiência da irresistível totalidade da vida sempre foi considerada como pertencendo ao domínio do misticismo. Infelizmente, porém, esse domínio tem amiúde sido considerado como território de uns poucos ou como uma ilha separada do continente principal do conhecimento científico humano por um mar de pensamentos vagos e desordenados. A busca pelo significado em si mesmo, que leva à ciência, também é em essência uma experiência mística.
Se aceitarmos a premissa de que até mesmo o ato de dar nome às peças de mobília no mundo – a classificar, rotular e ordenar os fenômenos – é o processo de tornar consciente ou trazer para a vanguarda da consciência aquilo que antes era inconsciente e desconhecido, então todo ser humano, em virtude de ser humano, participa da necessidade de obter significado e por isso experiencia o supremo ao executar o ato humano de dar nome aos eventos, objetos, às experiências, idéias e pessoas. O místico, então, não é apenas o transcendente; é o numinoso revelado em cada evento, o indizível que sempre permanece por detrás, no interior, e além daquilo que é dito. Desse modo o místico torna-se uma categoria transcendental de experiências humanas que, psicologicamente falando, manifesta-se em toda parte onde a consciência não tenha ainda avançado, mas está no ato de avançar para alargar a área de conhecimento do eu.

Conhecimento transcendente

A maioria dos autores concordam em que a experiência mística é marcada por características específicas. Um acordo mais fundamental que o número ou a classificação das características é o reconhecimento de que a experiência mística é essencialmente paradoxal por natureza, e por isso é “incomunicável” no nível da comunicação verbal.

A transmissão, conseqüentemente, é conseguida não por palavras, embora os grandes místicos de todas as tradições tenham procurado descrever com palavras tanto a numinosidade quanto a luminosidade de suas experiências. O oposto de toda experiência encontra-se no fato simples de que a tivemos, ou de que ela nos teve, mas jamais podemos comunicá-la completamente a outros. Nós compartilhamos por similaridades e analogias. A maçã que eu como e a que você come são duas maçãs, mesmo quando mordemos a mesma maçã.

Uma vez que em toda experiência o elemento de sentimento está presente, a qualidade da inefabilidade está também presente. Precisa-se apenas tentar uma descrição do azul ou uma definição do frescor para se reconhecer a indizível natureza das coisas.

Ainda assim o conhecimento está longe de estar ausente; realmente a qualidade intelectual da experiência mística é uma de suas características essenciais, pois esta categoria da percepção humana está marcada por uma capacidade absoluta de conhecer, à qual a dúvida não pode assaltar nem o ceticismo negar.

A experiência é de autoridade interna, cuja racionalidade não precisa de provas, pois a validação é a própria vida e seu enriquecimento.

Enquanto o saber permanece uma percepção inesquecível, para sempre presente por trás de todas as experiências fugazes, o momento do insight parece transitório, o toque da borboleta sobre o desabrochar da mente, uma visão que mal dá para se ver de soslaio, um incitamento momentâneo do coração.

Mas em toda parte e em todas as coisas há um ritmo, o movimento cíclico da própria vida. Muitas vezes parece ocorrer uma inversão no fluxo da consciência, de modo que nós não apenas retornamos ao lugar comum mas até mesmo nos voltamos para um pólo oposto de percepção no qual a luz da consciência parece ter-se apagado. A ofuscante iluminação da experiência intelectual é seguida pela cegueira do não-saber. Entramos na “noite escura da alma”, para usar a conhecida frase de São João da Cruz.

Na paradoxal natureza da experiência mística, porém, o caráter transitório do momento de satori é colocado contra o pano de fundo da eternidade, pedindo emprestado o termo budista para um insight esclarecedor, e para o movimento rítmico da consciência em conformidade com a lei da enantiodromia. A questão do tempo e seu relacionamento com a consciência absorveram o homem especulativo ao longo da história. Qual a extensão de um momento? Quão breve é uma hora? Alguns momentos duram para sempre; há hora cuja duração parece fugaz.

Warner Allen, no livro The Timeless Moment, descreve com surpreendente clareza uma experiência de iluminação entre duas notas de uma sinfonia: “Brilhava à maneira de um relâmpago durante uma execução da Sétima Sinfonia de Beethoven... O fluir rápido e contínuo da música não era interrompido, de modo que aquilo que T. S. Eliot chama de ‘interseção do momento eterno’ deve ter escapulido entre duas quase-semicolcheias... Arrebatado na música de Beethoven, fechei os olhos e observei um reluzir prateado, em forma de círculo... Estou absorvido na Luz do Universo.”

Uma presença agora penetra o mais simples dos objetos, o mais comum dos eventos. Um antigo poeta sufi da Pérsia (Irã), Baba Kuhi de Shiras, conseguia ver Deus em todas as coisas. Em todos os Upanixades, a unidade do Universal chamada Brahman é vista como presente em toda parte. O Mundukya-Upanixade proclama: “nada há que não seja Espírito.” “O divino morador interno”, como tem sido chamado, a presença de Deus em todas as coisas: perceber isso a qualquer momento e em todos os momentos é conhecer a realidade fundamental de todas as coisas. O que quer que seja visto desta maneira está agora imbuído de uma significação além da existência fenomenológica.

Ao mesmo tempo em que há a totalidade do Espírito, Deus, Realidade, em todas as coisas e em todos os seres, também há uma qualidade de vazio através da natureza. Na paradoxal natureza sempre presente da experiência, a consciência mística é uma percepção tanto do pleno quanto do vazio; a maneira mística é num único e mesmo momento um esvaziamento do ‘eu’ e um preenchimento do “Eu”. Em nenhum lugar este paradoxo tomou forma mais clara que na tradição mística do Taoísmo:

“Toque a vacuidade última,
Agüente firme.”
(Tao Te Ching)


Um estado de sentimento

A experiência mística é uma experiência inefável: desafia a limitação de uma descrição, pois nenhuma palavra pode conter sua totalidade. Neste pormenor, pode-se dizer que se assemelha a um estado de sentimento, mais do que a um estado de pensamento. Em lugar algum foi a inefabilidade da experiência mais magnificamente esboçada do que num pequeno pedaço de papel costurado no interior da jaqueta do matemático e filósofo francês Blaise Pascal, e encontrado após sua morte, evidentemente recordando uma experiência que ele tivera quando jovem:

“De mais ou menos dez e meia da noite até cerca de meia noite e meia.
Fogo.
Deus de Abrahão, Deus de Isaac, Deus de Jacó,
não o Deus dos filósofos e dos eruditos.
Certeza absoluta: além da razão, Alegria, Paz.
Esquecimento do mundo e de tudo menos de Deus.
O mundo não Te tem conhecido, mas eu Te conheci.
Alegria! Alegria! Lágrimas de Alegria!”


A perda do eu

Na experiência mística também há uma perda do eu fenomenalístico; o “eu” pessoal desapareceu, não para ser substituído por um “eu” maior, que leva a um ensoberbecimento pessoal, mas por uma total exclusão do eu, uma vez que não pode haver nem eu nem você, mas apenas o vazio e o pleno d’Aquilo.

E o caminho? É um caminho que não é caminho; uma senda na qual o peregrino deve tornar-se, se ele a vai trilhar. São João da Cruz assim resumiu os estágios clássicos:“Para se chegar a obter

"Para se chegar a obter
prazer em tudo,
O desejo de obter prazer
em nada.
Para se chegar a possuir
tudo,
o desejo de possuir
nada.
Para se chegar a ser
tudo,
Desejar ser
nada.”
O vazio, o pleno, o mistério do caminho que não é absolutamente um caminho, a experiência que finalmente não é experiência alguma, pois não há nem um experienciador nem algo que possa ser experienciado: isso é misticismo.

Finalmente, embora definamos a experiência mística, qualquer que seja a característica que lhe atribuamos, a sua validação última como uma experiência deve ser em termos de sua qualidade transformadora, o seu efeito sobre nossas vidas. Pois a genuína experiência mística marca um ponto da renovação criativa. Cada um de nós caminha por sua própria Estrada de Damasco, atento à sua separatividade, às suas preocupações pequeninas e pessoais – preocupado, ansioso, às vezes se deleitando nos prazeres da existência, às vezes se entristecendo com os desapontamentos e fracassos.

Ainda assim de repente podemos ver claramente, pois uma luz brilha de uma fonte desconhecida por nós, e o mundo é transformado porque nós somos transformados. Um novo nome nos pertence: o Saulo de ontem agora é Paulo, o portador de uma nova consciência. O “ver simplesmente,” como tem sido chamado, é nosso, agora: a visão que é total, e todo o mundo arde nas chamas da glória. Em todo Aqui e em todo Agora, a luminosidade d’Aquilo – Deus, Brahman, o Amado, segue brilhando.

Carl Jung, em seu comentário sobre The Secret of the Golden Flower, disse que “Toda declaração sobre o que é transcendente deve ser evitada, pois é uma presunção risível de parte das mentes humanas...” Ainda assim a eterna luta com as palavras e os significados continua; a “presunção risível” parece uma necessidade, para definir aquilo que vislumbramos ou de que tivemos conhecimento.

Mas se nossa experiência, qualquer que seja, nos transformou a partir do interior, transformou nossos corações, iluminou nossas mentes, a “presunção risível” em que tomamos parte exigirá um eco como resposta de uma alegre risada de todo o mundo. Pois passaremos cada momento de todos os dias como se fosse a aurora da criação, quando tudo era luz e “as estrelas da manhã cantavam juntas” no êxtase e na maravilha de uma nova vida.

EXTRAIDO DO SITE:http://www.sociedadeteosofica.org.br/ pesquisa realizada no dia 03 de Abril de 2011