sábado, 2 de julho de 2011

Persistência

Estava deitada em sua cama olhando para o teto, quando sentiu cair em seus olhos um pouco de fuligem que entrava pela janela que no momento encontrava-se aberta, levantou-se de súbito e dirigiu-se até a porta da pequena casa, para ver de onde vinha esse vestígio de fumaça. Ao avistar uma imensa claridade que iluminava o negrume da noite, deixando a pobre lua sem forças para vencer aquela luz de fogo que queimava toda a floresta, ela começou a gritar para as paredes, pois, morava sozinha a uns cinco anos:
- Fogo! Fogo! Fogo! A floresta esta queimando.
Nem bem havia acabado de proferir essas palavras, e já estava com dois baldes na mão penetrando na clareira que levava até um riacho, onde ia todos os dia dialogar com as árvores e esquecer um pouco da solidão. Rapidamente encheu os baldes e dirigiu-se até o local aonde o fogo se propagava destruindo com tudo que impedissem sua passagem. Jogou à água dos baldes no fogo e voltou para enche-los novamente, fez diversas viagens, no aurorescer avistou já muito arquejante um senhor que estava sentado em uma pedra na beira do riacho esse se dizia ser um pensador itinerante e que estava à observa-la algum tempo, mas ela não lhe deu grande importância e foi pegar à água para continuar seu trabalho, nesse momento o homem falou-lhe:
- Você esta à horas tentando a pagar esse fogo!! Não percebe que é impossível ? Essa floresta esta condenada, é ínutil continuar são centenas de hectares, você sozinha nunca irá conseguir vence-lo. Desista!!! – Mas ela não lhe deu ouvidos, e virou as costas sem dizer nenhuma palavra.
O andarilho não desistiu e bradou com veemência:
- Por que insiste com essa ideia absurda minha senhora ?
Ela virou-se para ele e disse:
- Siga-me. - O homem hesitou um momento, mas logo foi com ela até o lugar da queimada levando um dos baldes, pois, percebeu o cansaço já bastante visível no semblante daquela senhora, não se disseram uma única palavra, seguiram em silêncio até o local.
Ao chegarem ela jogou a água e falou:
- Senhor! Pode ser que sozinha eu não vença o fogo, mas veja todo esse verde que esta ao nosso redor, ainda não foi destruído pelo fogo, porque estou aqui impedindo que isso aconteça, esse pequeno pedaço da floresta continuará existindo enquanto eu estiver aqui fazendo esse trabalho, pois, para esse pequeno pedaço já faz diferença. Nesse momento o andarilho largou uma mochila que levava nas costas, e arrumou um balde para ajudar aquela senhora a impedir que o fogo destruísse toda a floresta.
O andarilho jogava a água e compreendia que não se deve desistir de seus ideais simplesmente porque são difíceis, eles podem ser, mas não são impossíveis de serem realizados.