sábado, 28 de abril de 2012

Estudo Introdutório sobre a Cabala

História da Cabala: Como ela Surgiu e o que significa




  
              
Podemos iniciar nossa introdução ao estudo da Cabala, refletindo sobre o significado da palavra religião. Esta palavra tem sua origem no termo latino:  re-ligare que significa “religar”. A religião tem como premissa conduzir o homem a se religar com o divino.
            A busca espiritual humana, segue basicamente três caminhos: O primeiro é o de seguir as leis designadas por Deus aos Homens. A prática e a moral são os meios desse caminho.
            O outro caminho é o trilhado pelos filósofos e teólogos, que leva a busca por verdades metafísicas. Neste caminho os mistérios que nos cercam são submetidos a razão e doutrinados de acordo com o pensamento do Homem.
            O terceiro caminho busca a união dos dois caminhos anteriores, juntando num mesmo plano a mente e a matéria, ação e pensamento, essa é a estrada do místico aquele que reconhece a realidade divina no mundo material e cotidiano, tornando sagrado cada ato que realiza. Este satisfaz a aspiração da religião que é religar o Homem a sua Centelha Divina.
            A maioria das grandes religiões do mundo possui uma vertente mística. No Islamismo temos o sufismo. No Hinduismo temos iogue, o cristianismo produziu alem da corrente gnóstica, místicos como Meister Eckart e São Francisco.
            O judaísmo, também tem sua corrente mística: a Cabala. De acordo com o livro de Roland Goetschel Cabala: “ o termo ‘cabala’ do hebraico Qabbalah é geralmente utilizado para definir a mística judaica e as tradições esotéricas do judaísmo. Entretanto, é conveniente esclarecer-se que, que na linguagem talmúdica, Qabbalah significa simplesmente ‘tradição’. A palavra cabala deriva da raiz hebraica Kibel, que significa  receber, já que os ensinamentos eram recebidos oralmente.
            Algumas versões sobre as origens da cabala afirmam que Moisés recebeu de Deus os ensinamentos da Cabala. Outros afirmam que esta sabedoria foi transmitida por Adão e em seguida foi sendo passada pelo patriarcado hebreu: Noé, Abrão, Moisés, outra explicação é a de que um anjo a teria revelado a Melquisedec que repassou a Abrão.
            O historiador Gershom Scholem, uma das maiores autoridades no assunto afirma que identificar a origem exata da Cabala é “sem dúvida, uma das questões mais difíceis da História Judaica”, no entanto, este historiador concorda que o gnosticismo, movimento esotérico-religioso surgido nos primeiros séculos da nossa era, foi um dos pontos de partida centrais. Estes gnósticos, influenciaram alguns judeus simpatizantes que baseados nas escrituras judaicas criaram um sistema de informações e interpretações secretas sobre a origem do Universo, era o prenuncio da Cabala.
            Ao longo dos séculos, esse sistema teria sofrido influências de elementos místicos de diversas religiões e filosofias. Do hinduísmo, por exemplo, herdou a crença de que as almas reencarnam. Dos povos da Caldéia, assimilou os conhecimentos de astrologia. Dos povos babilônios, a crença em anjos e demônios. Mas, de todas as vertentes do saber ocidental e oriental, foi o neoplatonismo, doutrina filosófica criada pelo egípcio Plotino no século III, que exerceu a maior influência sobre o sistema que seria conhecido como cabala. Plotino acreditava que Deus está além da compreensão humana e não possui qualquer representação. 
             Uma das correntes místicas judaica  que mais ajudou a dar forma a cabala foi o misticismo Merkabah, os seguidores procuram reproduzir a visão que o profeta Ezequiel teve da Merkabah – o carro do trono Divino. A imagem representa, realmente, o objetivo do místico: a experiência direta com Deus. A conseqüente união com centelha Divina o re-ligare.
            Durante centenas de anos a sabedoria da cabala permaneceu restrita a um pequeno circulo judaico, seu conhecimento era transmitido e ensinado oralmente.  A partir do século XIII, alguns cabalistas espanhóis começaram a se preocupar com o risco de a tradição se perder e decidiram registra-la.
            A publicação do Sefer ha Zohar – O Livro do Esplendor, atribuído  ao rabino Shimon bar Yochai de acordo com a lenda teria sido redigido em aramaico pelo rabino Moises de Leon (1240 – 1305) uma das figuras mais importantes no desenvolvimento da cabala. O livro é composto de 23 volumes tornou-se um instrumento cotidiano dos cabalistas que procuravam desvendar os segredos da Torá. Entre 1500 e 1800, o livro se estabeleceu como uma fonte de doutrina e revelação de autoridade igual à da Bíblia e a do Talmude o que  sinalizava, pela primeira vez, uma tentativa concreta de popularizar esse saber. Nessa época, o clima na Espanha era favorável ao florescimento da mística judaica. Apesar de boa parte da Europa estar sob o jugo da Igreja, a Península Ibérica estava sob o domínio dos árabes desde o século 8. “Muçulmanos instalados na atual Espanha conviviam bem com outras culturas e religiões”, conta o professor José Alves de Freitas Neto, do Departamento de História da Unicamp. Graças a essa tolerância, a cabala encontrou um campo fértil para se difundir.
Shimon Bar Yochai
Mas ainda se passariam 300 anos para que ela começasse a se popularizar. Em 1492, a paz na Península Ibérica foi quebrada e os reis da Espanha expulsaram do país todos que não estivessem dispostos a colaborar com a consolidação de um Estado cristão (entenda-se aqui tornar-se católicos da noite para o dia). Essa nova diáspora reacendeu o risco de não somente a mística, mas toda a tradição judaica se perder com a dispersão do seu povo pelo mundo. Na tentativa de garantir a continuidade da sabedoria, os cabalistas se estabeleceram em um novo centro, na cidade de Safed, em Israel. Lá surgiu uma das figuras mais importantes da cabala moderna: Isaac Luria ( 1534 - 1572.
Issac Luria
Issac Luria é considerado o segundo gênio místico da Cabala, sua história de vida é permeada de lenda. Uma delas diz que o pai de Luria sonhou com o profeta Elias afirmando que ele teria um filho, que revelaria os segredos da Cabala. A família vivia em Jerusalem, onde Luria nasceu, mas se mudou para o Cairo, no Egito, após a morte do pai do menino, quando ele tinha oito anos. Luria inicio seus estudos sobre o Zohar na adolescência, mas ele não apenas estudou, tornou-se um místico abraçando o asceticismo. Segundo a lenda, depois de dois anos estudando, orando e jejuando, o profeta Elias apareceu para ele e o iniciou nos mais profundos segredos da Cabala. Seguindo orientações do profeta Luria foi para Safed, na Palestina. A cidade era uma espécie de oásis espiritual judaico, onde viviam os principais cabalistas da época. Logo Issac Luria foi reconhecido como um grande cabalista e lecionou por dois anos em Safed, morreu muito jovem aos 38 anos, porém deixou uma marca profunda na cabala. Ele incentivou seus discípulos a cultivar certas qualidades espirituais. A principal era a alegria. Inspirado no Zohar, Luria fez uma releitura da sabedoria místico-judaica, criando a cabala luriânica, cujos ensinamentos continuam muito atuais. Seus seguidores acreditam que algumas das descobertas da ciência no século 20 já tinham sido reveladas por Luria 400 anos antes. “Ele já afirmava, no século 16, que o Universo nasceu a partir de um único ponto de luz, que se fragmentou.


Fontes:
Revista de Historia das Religiões ano 3 N°3
Revista de História das Religiões ano 1 edição 1
GOETSCHEL, Roland. CABALA. Porto Alegre, RS: L&PM, 2009
CORREA, Glacy Rolim. CABALA. Porto Alegre, RS: FEEU
SCHOLEM, Gershom. A CABALA E SEU SIMBOLISMO. São Paulo, SP: Perpectiva, 2002
http://super.abril.com.br/religiao/cabala-pode-fazer-voce-447674.shtml acessado em 29/04/2012
http://www2.uol.com.br/historiaviva/reportagens/cabala_em_busca_do_oculto_na_biblia.html acessado em 29/04/2012
http://super.abril.com.br/religiao/cabala-tem-445719.shtml acessado em 29/04/2012

Documentário sobre a História da Cabala





quinta-feira, 5 de abril de 2012

Religiões do Mundo: O Zoroastrismo e seu profeta Zaratustra I Parte

O ZOROASTRISMO


"Há dois espíritos contrários no
 pensamento, na palavra a na ação.
 Um escolheu o bem, o outro o mal;
 um mostra a vida, o outro, a morte.
 Assim fizeram desde o tempo do
 primeiro homem,
 assim farão até o fim do mundo."
 (AVESTA - Yasna XXX)

Por volta do século VI a.C. a emergência do fenômeno profético teve profundas repercussões em diferentes tradi­ções religiosas. Um fenômeno religioso que surgiu com carga fortemente crítica das religiões tradicionais e, simultanea­mente, uma grande força criadora e inventiva marcada por uma visão religiosa universalista e ecumênica. A palavra profé­tica tornou-se o arauto da idéia de um Deus único, poder so­berano na transcedência, na plenitude, que se traduziam no perfeito domínio tanto do universo como dos acontecimentos da humanidade, da história dos homens. Os portadores das no­vas mensagens eram fortes personalidades religiosas que sub­verteram estruturas e o pensamento religioso e levaram à for­mação de novas religiões.
Os movimentos proféticos elaboraram um discurso com­pleto e orgânico, no qual a Verdade soberana constituiu o tema mais importante da natureza divina, o princípio, o meio e o fim dos cosmos, a saber: a razão suprema tanto do mundo físico como do humano do social. Todos os profetismos ali­mentaram-se de concepções religiosas marcadas pela idéia de "vida", ou seja, o caminho que conduz à divindade única, transcendente, universal, o Poder sublime, juiz do mundo, do espaço, do tempo, da história e dos homens. O profetismo transformou a questão da morte e da sobrevivência no caminho da salvação.
Assim foi com o Zoroastrismo, movimento profético que surgiu no decorrer do século VI a.C., na região subcau­cásica da Pérsia, habitada por comunidades de pastores de origem indo-européia aparentados com o povo indiano (25).



O estudo da religião iraniana revela que este movi­mento, assim como a tradição judaico-cristã desde o profe­tismo bíblico, incorporou uma concepção linear de tempo, re­valorizou e sistematizou idéias fundamentais para o desen­volvimento posterior do próprio Cristianismo, do Judaismo. Numerosos foram os textos dos Evangelhos que revelaram sua fonte da gnose zoroástrica, num encontro decisivo do judaísmo após o Exílio e da insurreição contra a excessiva helenização do pensamento, da cultura e da religião. Na verdade, os profe­tas de Israel, a mensagem cristã e o Islamismo passaram pela brecha aberta do profetismo zoroástrico (26).
O ponto principal desta fusão que nos interessa está na apresentação de uma via mística original: alcançar o Reino de Deus transformou-se no objetivo supremo das aspirações humanas tanto na vida como na morte. Junto com isto ficou estabelecida a ressur­reição dos mortos, o Julgamento Final, o purgatório como o espaço intermediário das almas que não alcançaram o céu ou o paraíso, uma angelologia universal e a figura de um Salvador que viria para curar, renovar o mundo e suprimir a morte.
Perante uma comunidade constituída por pastores se­dentários emergiu a figura lendária do profeta Zaratustra, o reformador das antigas radiações religiosas e o missionário da pregação da palavra de um único Deus, Ahura-Mazda, uma divindade do panteão antigo, elevada por ele à categoria de Supremo Criador. O profeta construiu então um sistema reli­gioso articulado com a idéia de uma nova e verdadeira pro­posta salvacionista, pressupondo a existência de um Deus, Ahura-Mazda, o "Sábio Senhor" ou "Senhor da Sabedoria" (ou Ormazd na tradução pálavi), que revela a religião, direta­mente a seu profeta Zaratustra. Estas revelações ocorriam através de visões e diálogos durante os quais Deus esclare­cia dúvidas e indicava o caminho da sabedoria e da salvação. Ahura-Mazda é apresentado no Zoroastrismo como mestre e amigo, juiz e colaborador na tarefa espiritual dos homens, o instrutor da sabedoria e da benevolência, criador de todas as boas obras que existem no universo. Dentre estas boas obras estão os Amesha Spentas, seus auxiliares divinos que reunem os homens a Deus e as sete criações materiais que, juntas, formam a obra divina na matéria: o homem, o gado, o fogo, a terra, o céu, a água e as plantas. Este Deus único é o responsável pela luz, pela vida, pela saúde e alegria (27).
As revelações de Mazda fizeram parte da tradição oral do profetismo de Zaratustra, memorizadas pelos seus se­guidores. Esta tradição oral foi compilada nos primeiros sé­culos da Era Cristã, num conteúdo repleto de tradição reli­giosa pré-zoroastriana e, sem dúvida alguma, pré-cristão. Esta forma escrita de livro sagrado passou a ser conhecida como Avesta (palavra que significa prescrição ou funda­mento), do qual, infelizmente, três quartos estão perdidos. (Fala a tradição dum Avesta de 21 divisões, os Nasks, dos quais só um - o Vendidad - permaneceu intacto e do resto so­braram fragmentos. No século IIId.C. um rei persa da dinas­tia arsácida reuniu tudo o que existia em escrito ou na me­mória dos fiéis, fixando a forma atual do livro sagrado. Uma parte importante deste material foi destruída durante as in­vasões muçulmanas a partir do século VII). O que sobrou apa­rece organizado em hinos, os Yashts, na coleção de Yasnas, onde se encontram as coleções de hinos de Zoroastro, conhe­cidos como Gathas. É sobre este material que realizam-se os principais estudos do sistema religioso desenvolvido pelo Zorastrismo.
Avesta
Em primeiro lugar vamos falar do dualismo zoroástri­co. Ahura-Mazda, o criador do mundo pela ação de seu pen­samento e protetor dos homens, vinha acompanhado por uma es­colta de seres divinos (os Amesha Spenta) que eram manifes­tações de princípios divinos e protetores das boas criações do mundo.


Os Amesha Spentas:

  • "Vohu Manah" ('Bom Pensamento'): os animais;
  • "Asha Vahishta" ('Verdade Perfeita'): o fogo;
  • "Spenta Ameraiti" - ('Devoção Benfeitora'): a terra;
  • "Khashathra Vairya" - ('Governo Desejável'): o céu e os metais;
  • "Hauravatat" ('Plenitude'): a água;
  • "Ameretat" ('Imortalidade'): as plantas.




Além de ser o criador destas divindades ele era o pai de dois espíritos gêmeos, Spenta Mainyu (Espírito do Bem) e Angra Mainyu espírito destruidor), que por liberdade de escolha optaram por caminhos diferentes: o primeiro, o caminho do Mal; o segundo, o caminho do Bem , numa opção de escolha e não uma questão de natureza. Desta maneira, o dua­lismo da teologia zoroástrica não fazia referência a um Deus do bem e outro do mal, mas apontava a uma oposição entre dois princípios emanados de uma mesma divindade, que, por livre escolha, fizeram sua vocação, não cabendo a Ahura-Mazda a responsabilidade pela criação do mal. A contradição aparente entre a luta do Bem e do Mal era uma referência à liberdade humana de escolher entre o caminho da Luz e da Vida ou o Mundo das trevas e da Morte (28).
 O mundo era or­denado pela luta entre estes dois princípios, numa oposição metafísica que virava a história linear e dramática dos ho­mens, incerta devido à contínua alternância das potências em combate, porém segura do exílio do bem, nos últimos tempos apocalípticos. Cabia à humanidade participar desta luta, para garantir a vitória final de Ahura-Mazda: luta divina e participação humana resolvem a inserção total no tempo e as vicissitudes cósmicas até a vitória final (29).
Muito importante era a doutrina desenvolvida pelo Zoroastrismo sobre a Ressurreição dos corpos, da salvação final e da vitória do Bem. A crença na ressurreição dos cor­pos estava expressa no Yasht (19, 11, 13, 89 e 129), relaci­onando-a com a chegada do salvador anunciada por Zaratustra e com a grande Renovação Final, num movimento escatológico especial: o mundo renovado e purificado representava uma nova Criação sem a presença de impurezas ou ação do Mal e os ressuscitados receberiam vestes gloriosas e indestrutibili­dade que eram a imagem da imortalidade espiritual num Mundo Transfigurado, que a nova crença conferia aos seus fiéis (30). Alguns autores tentam repensar esta questão da ressur­reição dos mortos no âmbito do Zoroastrismo, recriando uma nova abordagem de coerência lógica: se um novo mundo vai ser instalado, mandava a justiça divina trazer os que morreram antes de tal acontecimento, para participar e receber a justa retribuição pelos seus atos. 
Juízo Final - Capela Sistina
O tempo Final, após os cataclismas cósmicos, terrenos e sociais, depois da ressur­reição e da grande batalha entre as forças celestes e demo­níacas, será marcado pela passagem do mundo num rio de metal derretido que testará a verdadeira pureza. Quando o Mal for definitivamente derrotado, o céu e a terra se fundirão no melhor dos mundos e o gênero humano que sobreviver espiritu­almente purificado viverá no Reino Eterno de Ahura-Mazda, pela eternidade, livre de toda impureza e maldade (31).


Bibliografia

26.      Du Breuil, P., Zoroastro: Religião e Filosofia. SP. Ibrasa, 1987, pp. 16-8,  146-8, 171-5. O Zoroastrismo não é uma tradição religiosa desaparecida. Existe, no mundo contemporâneo, como a religião oficial dos par­ses, estabelecidos na região de Bombaim, e que formam uma comunidade de cerca de 90.000 pessoas, conservando tradições, cultos, ritos e a língua sagrada dos anti­gos seguidores de Zoroastro, evidentemente sincretiza­da e influenciada pelas diferentes experiências reli­giosas dos tempos e regiões por onde passaram. Os se­guidores dos ideais zoroástricos refugiaram-se na Ín­dia entre os séculos X e XI, fugindo da expansão islâ­mica no Irã. Encontraram na estrutura indiana de cas­tas um esquema favorável à sua sobrevivência étnica, religiosa e cultural. Algumas comunidades zoroástricas continuaram vivendo no Irã: são os zartoshtis, que conseguiram sobreviver ao islamismo e manter, com muita dificuldade, aspectos essenciais de suas cren­ças, pelo menos até o final do governo do Xá Reza Pahlevi.

27.      Duchesne - Guillemin, J., "Iran Antiguo y Zoroastro", In: Historia de las Religiones, Vol. III, pp. 452-3. "La Religion Irannienne" In: Les Religiones de l'Orient Ancien, Paris, Fayard, 1956, pp. 99-140.
28.      Eliade, História das Idéias e das Crenças Religiosas, Tomo I, vol 2, pp, 147-8.
29.      Adriani, M., História das Religiões, op.cit., pp. 92-3
30.      Eliade, op.cit., pp. 172-3.
31.      Duchesne - Guillemin, op.cit., p. 400.
32.      Eliade, op.cit., p. 168

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Introdução a História do Esoterismo e do Ocultismo no mundo Ocidental

A Renascença

            Foi durante a Europa Renascentista entre os séculos XIV e XVI, que a sabedoria dos povos Egipicios, Gregos e Romanos retornam as discussões Filosóficas. Estes conhecimentos contribuíram para o desenvolvimento da Europa, e levaram o mundo europeu a um paradigma entre o Teocentrismo e o Antropocentrismo.
Escola de Atenas

            Os pensadores da Renascença dedicam-se a retomar as idéias, os valores da antiguidade clássica em especial Grecia e Roma.
Pietá

Moisés de Michelangelo

                Ocorre uma valorização da dignidade humana, da beleza estética e do conhecimento. O pensamento da Renascença tem como base as idéias humanistas, estes defendiam que era preciso observar o mundo material, criando ferramentas para que o ser humano controla-se a natureza.
       O homem deveria agir, pesquisar, descobrir e principalmente acreditar em sua capacidade de transformar o mundo a sua volta e a ele mesmo.
              Não estaria mais limitado aos desejos de Deus.
            É o fim do teocentrismo e o início do antropocentrismo – O homem como o centro do Universo.
            Diante deste contexto histórico que os interesses pelos mistérios do Egito e do conhecimento antigo do mundo Greco romano vai ganhando força.
            Começa a surgir uma literatura alquimista, que surge através de seu representante mais ilustre: Paracelso.
Paracelso

            Esta literatura possue uma linguagem de grande riqueza sugestiva, e pelos recursos e alegorias. O que muitas vezes torna o entendimento difícil para pessoas que não estão familiarizadas com a simbologia, existente.

            A linguagem oculta com uma áurea hieroglífica, protegia esses alquimistas das perseguições da igreja católica.

            A igreja e seu tribunal da inquisição, não compreendiam as experiências dos alquimistas seu trabalho interno de transformar o “metal bruto em ouro”.Muitos desses filósofos e alquimistas foram condenados pelo Santo Ofício, e morreram nas fogueiras da Inquisição.
Tribunal da Inquisição

            Na Renascença o esoterismo e o misticismo andavam lado a lado com a ciência. Existia uma visão holísitica que buscava um entendimento integral e não fragmentado.
            O esoterismo que nasce na renascença conciliou os princípios de diversas doutrinas:
Zoroastro

Zoroastrismo:  com o retorno aos textos clássicos da Grécia, os ensinamentos de Zaratustra conhecido pelos gregos como Zoroastro começa a ser discutido no mundo cristão.
Hermes Trimegisto

O Hermetismo: Que é o estudo dos ensinamentos e da sabedoria de Hermes Trimegisto, o patriarca do misticismo da natureza e da Alquimia.
Hermes o Deus alado mensageiro dos deuses e  Deus Egipcio o “três vezes altíssimo”.
Para os alquimistas da renascença era considerado o Moisés que transmitia seus conhecimentos através da Tabua de Esmeralda, e do compêndio de seus ensinamentos intitulado CABALION.

            Toda experiência mística da renascença bebeu da sabedoria de Hermes Trimegisto.
Platão
            
O neoplatonismo foi outro princípio renascido pelos esoteristas desse período. Estes acreditavam que a perfeição Humana e a felicidade poderiam ser obtidas neste mundo, e que alguém não precisaria esperar uma pós-vida.
            Perfeição e felicidade poderiam ser adquiridas pela devoção e contemplação filosófica.
            Algumas das idéias neoplatonicas influenciaram o pensamento dos judeus Cabalistas da França e da Espanha.
            
Pitágoras

O neopitagorismo inspirado nos ensinamentos de Pitagoras, Platão e Aristoteles.
            Os ensinamentos da escola pitagórica são novamente debatidos. O símbolo dos pitagóricos: O pentagrama ou estrela de cinco pontas considerado um símbolo sagrado.
            Outro conhecimento místico muito estudado durante esta época foi a a Cabala Judaica, uma dos segmentos místicos do judaísmo, iniciou-se na França e em seguida foi estudada pelos judeus da  península Ibérica.
            A cabala estava presente no mundo europeu desde a Idade Média, em especial na Penisula Iberica Espanha e Portugal.
            
           A magia e a alquimia, viseram parte desse mosaico de doutrinas, e princípios que abriram as portas para um conhecimento mais holístico e completo sobre o Homem e o Universo.
            Toda essa sabedoria que os Homens da Renascença estavam descobrindo, prejudicava completamente os dogmas da Igreja Católica, que durante toda Idade Méida centralizou o conhecimento, e nos séculos XIV e XVI viu florescer o que haviam escondido.
            A igreja católica perseguiu e condenou os que colocavam em dúvida seus dogmas.

            Todo esses ensinamentos e sabedorias foram marginalizados e seus pensadores foram perseguidos e considerados feiticeiros, bruxos e magos.
            Os alquimistas foram acusados, de trazerem para o mundo cristão o paganismo. Aos poucos esta sabedoria voltou a ser oculta e cheia de mistérios e segredos para se ter acesso.
            Com o iluminismo durante o século XVIII, conhecido como a era da razão, as doutrinas e conhecimentos esotéricos e místicos foram colocados a margem da ciência.

            Devido a perseguição da Igreja os conhecimentos esotéricos acabaram tornando-se Herméticos e ocultos. Aos poucos foram organizados ordens onde o conhecimento podia ser passado para os iniciados:Ordem Rosa Cruz e Maçonaria.
Maçonaria


Ordem Rosa Cruz


Texto e Seleção de Imagens : Felipe Franco