História da Cabala: Como ela Surgiu e
o que significa
A busca espiritual humana, segue
basicamente três caminhos: O primeiro é o de seguir as leis designadas por Deus
aos Homens. A prática e a moral são os meios desse caminho.
O outro caminho é o trilhado pelos filósofos
e teólogos, que leva a busca por verdades metafísicas. Neste caminho os
mistérios que nos cercam são submetidos a razão e doutrinados de acordo com o
pensamento do Homem.
O terceiro caminho busca a união dos
dois caminhos anteriores, juntando num mesmo plano a mente e a matéria, ação e
pensamento, essa é a estrada do místico aquele que reconhece a realidade divina
no mundo material e cotidiano, tornando sagrado cada ato que realiza. Este
satisfaz a aspiração da religião que é religar o Homem a sua Centelha Divina.
A maioria das grandes religiões do
mundo possui uma vertente mística. No Islamismo temos o sufismo. No Hinduismo
temos iogue, o cristianismo produziu alem da corrente gnóstica, místicos como
Meister Eckart e São Francisco.
O judaísmo, também tem sua corrente mística:
a Cabala. De acordo com o livro de Roland Goetschel Cabala: “ o termo ‘cabala’
do hebraico Qabbalah é geralmente utilizado para definir a mística judaica e as
tradições esotéricas do judaísmo. Entretanto, é conveniente esclarecer-se que,
que na linguagem talmúdica, Qabbalah significa simplesmente ‘tradição’. A
palavra cabala deriva da raiz hebraica Kibel, que significa receber, já que os ensinamentos eram
recebidos oralmente.
Algumas versões sobre as origens da
cabala afirmam que Moisés recebeu de Deus os ensinamentos da Cabala. Outros
afirmam que esta sabedoria foi transmitida por Adão e em seguida foi sendo
passada pelo patriarcado hebreu: Noé, Abrão, Moisés, outra explicação é a de
que um anjo a teria revelado a Melquisedec que repassou a Abrão.
O historiador Gershom Scholem, uma
das maiores autoridades no assunto afirma que identificar a origem exata da
Cabala é “sem dúvida, uma das questões mais difíceis da História Judaica”, no
entanto, este historiador concorda que o gnosticismo, movimento esotérico-religioso
surgido nos primeiros séculos da nossa era, foi um dos pontos de partida
centrais. Estes gnósticos, influenciaram alguns judeus simpatizantes que
baseados nas escrituras judaicas criaram um sistema de informações e
interpretações secretas sobre a origem do Universo, era o prenuncio da Cabala.
Ao longo dos séculos, esse sistema teria sofrido
influências de elementos místicos de diversas religiões e filosofias. Do
hinduísmo, por exemplo, herdou a crença de
que as almas reencarnam. Dos povos da Caldéia, assimilou os conhecimentos de
astrologia. Dos povos babilônios, a crença
em anjos e demônios. Mas, de todas as vertentes do saber ocidental e
oriental, foi o neoplatonismo, doutrina filosófica criada pelo egípcio Plotino no século III, que exerceu a maior influência sobre o sistema que seria
conhecido como cabala. Plotino acreditava que Deus está além da
compreensão humana e não possui qualquer representação.
Uma das correntes místicas judaica que mais ajudou a dar forma a cabala foi o misticismo Merkabah, os seguidores procuram reproduzir a visão que o profeta Ezequiel teve da Merkabah – o carro do trono Divino. A imagem representa, realmente, o objetivo do místico: a experiência direta com Deus. A conseqüente união com centelha Divina o re-ligare.
Uma das correntes místicas judaica que mais ajudou a dar forma a cabala foi o misticismo Merkabah, os seguidores procuram reproduzir a visão que o profeta Ezequiel teve da Merkabah – o carro do trono Divino. A imagem representa, realmente, o objetivo do místico: a experiência direta com Deus. A conseqüente união com centelha Divina o re-ligare.
Durante
centenas de anos a sabedoria da cabala permaneceu restrita a um pequeno circulo
judaico, seu conhecimento era transmitido e ensinado oralmente. A partir do século XIII, alguns cabalistas espanhóis
começaram a se preocupar com o risco de a tradição se perder e decidiram registra-la.
A publicação do Sefer ha
Zohar – O Livro do Esplendor, atribuído ao
rabino Shimon bar Yochai de acordo com a lenda teria sido redigido em aramaico
pelo rabino Moises de Leon (1240 – 1305) uma das figuras mais importantes no
desenvolvimento da cabala. O livro é composto de 23 volumes tornou-se um
instrumento cotidiano dos cabalistas que procuravam desvendar os segredos da
Torá. Entre 1500 e 1800, o livro se estabeleceu como uma fonte de doutrina e
revelação de autoridade igual à da Bíblia e a do Talmude o que sinalizava, pela primeira vez, uma tentativa
concreta de popularizar esse saber. Nessa época, o clima na Espanha era
favorável ao florescimento da mística judaica. Apesar de boa parte da Europa
estar sob o jugo da Igreja, a Península Ibérica estava sob o domínio dos árabes
desde o século 8. “Muçulmanos instalados na atual Espanha conviviam bem com
outras culturas e religiões”, conta o professor José Alves de Freitas Neto, do
Departamento de História da Unicamp. Graças a essa tolerância, a cabala
encontrou um campo fértil para se
difundir.
Shimon Bar Yochai
Mas
ainda se passariam 300 anos para que ela começasse a se popularizar. Em 1492, a
paz na Península Ibérica foi quebrada e os reis da Espanha expulsaram do país
todos que não estivessem dispostos a colaborar com a consolidação de um Estado
cristão (entenda-se aqui tornar-se católicos da noite para o dia). Essa nova diáspora
reacendeu o risco de não somente a mística, mas toda a tradição judaica se
perder com a dispersão do seu povo pelo mundo. Na tentativa de garantir a
continuidade da sabedoria, os cabalistas se estabeleceram em um novo centro, na
cidade de Safed, em Israel. Lá surgiu uma das figuras mais importantes da
cabala moderna: Isaac Luria ( 1534 - 1572.
Issac Luria
Issac
Luria é considerado o segundo gênio místico da Cabala, sua história de vida é
permeada de lenda. Uma delas diz que o pai de Luria sonhou com o profeta Elias
afirmando que ele teria um filho, que revelaria os segredos da Cabala. A família
vivia em Jerusalem, onde Luria nasceu, mas se mudou para o Cairo, no Egito, após
a morte do pai do menino, quando ele tinha oito anos. Luria inicio seus estudos
sobre o Zohar na adolescência, mas ele não apenas estudou, tornou-se um místico
abraçando o asceticismo. Segundo a lenda, depois de dois anos estudando, orando
e jejuando, o profeta Elias apareceu para ele e o iniciou nos mais profundos
segredos da Cabala. Seguindo orientações do profeta Luria foi para Safed, na
Palestina. A cidade era uma espécie de oásis espiritual judaico, onde viviam os
principais cabalistas da época. Logo Issac Luria foi reconhecido como um grande
cabalista e lecionou por dois anos em Safed, morreu muito jovem aos 38 anos,
porém deixou uma marca profunda na cabala. Ele incentivou seus discípulos a
cultivar certas qualidades espirituais. A principal era a alegria. Inspirado no
Zohar, Luria fez uma releitura da sabedoria místico-judaica, criando a cabala
luriânica, cujos ensinamentos continuam muito atuais. Seus seguidores acreditam
que algumas das descobertas da ciência no século 20 já tinham sido reveladas
por Luria 400 anos antes. “Ele já afirmava, no século 16, que o Universo nasceu
a partir de um único ponto de luz, que se fragmentou.
Fontes:
Revista de Historia das Religiões ano 3 N°3
Revista de História das Religiões ano 1 edição 1
GOETSCHEL, Roland. CABALA. Porto Alegre, RS: L&PM, 2009
CORREA, Glacy Rolim. CABALA. Porto Alegre, RS: FEEU
Fontes:
Revista de Historia das Religiões ano 3 N°3
Revista de História das Religiões ano 1 edição 1
GOETSCHEL, Roland. CABALA. Porto Alegre, RS: L&PM, 2009
CORREA, Glacy Rolim. CABALA. Porto Alegre, RS: FEEU
SCHOLEM, Gershom. A CABALA E SEU SIMBOLISMO. São Paulo, SP: Perpectiva, 2002
http://super.abril.com.br/religiao/cabala-pode-fazer-voce-447674.shtml acessado em 29/04/2012
http://www2.uol.com.br/historiaviva/reportagens/cabala_em_busca_do_oculto_na_biblia.html acessado em 29/04/2012
http://super.abril.com.br/religiao/cabala-tem-445719.shtml acessado em 29/04/2012
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Documentário sobre a História da Cabala