O respeito à diversidade
Em
um mundo em que a tolerância e o respeito à diversidade são palavras de ordem
cada vez mais presentes, se faz necessário conhecer, sem preconceitos, o
presente e o passado de culturas diferentes da nossa, como aquelas que se
formaram, há milhares de anos, no norte da África, no Oriente Médio e no
Sudeste Asiático. Apesar da diversidade entre os povos antigos, todos eles
representam ramificações do desenvolvimento do Homo Sapiens, a espécie da qual
fazemos parte.
Sendo
assim, iniciaremos um mergulho pela História da Humanidade, procurando
compreender a diversidade cultural e religiosa dos diversos povos com o
objetivo de adquirir maior respeito e tolerância e compreender a nossa própria
sociedade contemporânea através dos ensinamentos presentes no passado da
humanidade.
Na
medida do possível iremos direcionar este mergulho na história da humanidade
para temática das religiões, isto é, o ponto central da abordagem proposta é
analisar a evolução do homem ao longo do tempo e as diversas manifestações da
espiritualidade ao longo dos séculos e das diversas culturas existentes no
globo.
Projeto Cápsula do Tempo
A origem da Humanidade
É provável que uma das
perguntas mais inquietantes do Homem seja: a de quem realmente somos ? de onde
viemos ? e para onde vamos ? Estes questionamentos tem norteado os rumos da
filosofia, das religiões e das pesquisas científicas ao longo dos séculos.
Sobre a origem do Homem muitas tem sido as explicações: algumas míticas,
recheadas de simbologias, outras baseadas em fatos. Nos últimos dois séculos
temos uma idéia mais clara a esse respeito.
Digamos que pudéssemos embarcar
em uma cápsula do tempo e retornar um milhão de anos no passado da terra, ao
sairmos encontraríamos seres humanos muito diferentes do que somos atualmente,
podemos afirmar que estaríamos observando a infância da espécie humana, período
esse que foi denominado de Pré-História. Foi durante este período que nossos
antepassados distantes começaram a andar, a usar suas mãos e sua inteligência
para superar as difíceis condições de sobrevivência a dominar outras espécies e
a ocupar os continentes.
Deste modo, é possível afirmar
que estudar a Pré- História é fundamental para compreendermos as origens de
nossa cultura, da invenção das primeiras ferramentas, das primeiras formas de
arte, das cidades, o que possibilita perceber que atualmente temos mais
conforto e recursos de sobrevivência que nossos antepassados, mas também um
modo de vida que estimula o individualismo, agride a natureza e estabelece,
entre os homens fronteiras sócio econômicas, étnicas e territoriais.
O lugar do homem na evolução das espécies
O criacionismo
Todas as civilizações
elaboravam explicações sobre a aparição do homem, seu lugar no mundo e suas
relações com outras espécies.
Muitos povos inventaram
histórias sobre a criação, ligadas a mitos ou crenças religiosas.
Para os egípcios, os homens
teriam se originado das lágrimas do deus Sol Rá.
Os mitos e lendas sobre a
origem do homem, que têm como ponto comum a crença de que a humanidade foi
criada por um ser superior, fazem parte de uma corrente de pensamento chamada
de criacionismo.
O criacionismo no mundo
ocidental é baseado na tradição judaico-cristã. Defende a idéia de que Deus é o
criador de tudo aquilo que existe e que depois de ter criado a Terra e todos os
sere vivos, teria criado Adão e Eva, dos quais toda humanidade, até os nossos
dias descenderia. Todas as bases de sustentação dessa teoria encontram-se no
Livro do Gênesis, no Antigo Testamento.
O Jardim das Delicias - Hieronymus Bosch (1450-1516)
Detalhe de Adão e Eva
Até o século XVII, a visão
criacionista era dominante no mundo ocidental. De acordo com um teólogo James
Usher a criação do mundo ocorreu em 23 de outubro de 4004 a. C um domingo e
Adão e Eva, foram os primeiros humanos.
O evolucionismo
Com o
desenvolvimento das ciências no século XVII e a contestação das explicações
religiosas sobre o funcionamento do mundo, muitos cientistas começaram a
questionar as explicações criacionistas.
Em
1820, um escocês chamado Charles Lyell, trabalhando com geologia, buscava
entender a formação de nosso planeta através da análise de rochas. Alguns anos
mais tarde, o naturalista inglês Charles Darwin usou os estudos de Lyell para
elaborar parte de sua teoria da evolução das espécies. Outro inglês Alfred
Russell Wallace refletia sobre a evolução e debatia suas hipóteses com Darwin.
O resultado desses estudos foi apresentado em 1858, em uma comunicação em que
expuseram a teoria da evolução por seleção natural. No ano seguinte, Charles
Darwin publicou seu livro A origem das espécies, que Wallace
defendia publicamente.
Charles Darwin
De
acordo com a tese de Darwin é a de que a sobrevivência de uma espécie ocorria
por um processo de seleção natural, no qual as espécies mais adaptadas ás
condições existentes em seu habitat seriam as mais bem sucedidas, tendo maiores
chances de sobreviver e procriar.
Em
1871, Darwin deu continuidade a seus estudos com a publicação do livro A origem
do homem e a seleção sexual, em que defendia que o homem havia evoluído como os
outros seres e que o ser humano e os macacos tinham uma origem comum, tese que
causou uma grande polêmica e que colocou em xeque a teoria do criacionismo.
Contraponto da História
Alguns
anos, após a publicação do livro de Charles Darwin A Origem das espécies, mais
precisamente em 1888, Helena Petrovna Blavatsky publicou seu livro A Doutrina
Secreta o obra composta de dois volumes. O volume I é dedicado à cosmogénese, e
é basicamente composto sobre estudos relativos à evolução do universo, enquanto
o volume II é dedicado à antropogênese, a origem e evolução da humanidade. Que mesmo não reconhecido nos meios acadêmicos
da época sem dúvida, também causou muitas discussões e debates a respeito das
origens do Homem e do Universo. Este livro no seu volume II muito resumidamente
apresenta uma explicação da evolução
humana da seguinte forma:
Blavatsky
Antropogênese:
A antropogênese descreve a origem
e evolução da humanidade. Nela são descritas as diversas raças humanas
(chamadas Raças-raiz) que já evoluíram neste planeta na atual Ronda.O livro
afirma que evoluem em nosso Globo sete grupos humanos em sete regiões
diferentes do Globo. Assim, Blavatsky defende uma origem poligenética do Homem.
A tese revolucionária de
Blavatsky é, em uma época que não se supunha o Homem mais antigo que 100 mil
anos, afirmar que o Homem físico tem mais de 18 milhões de anos de existência.
A antropogênese, descrita em
"A Doutrina Secreta", opõe-se à evolução darwinista que era
largamente aceita na época. Blavatsky não nega o mecanismo da evolução, mas não
aceita que uma "força cega e sem objetivo" possa ter resultado no
aparecimento do Homem. Para ela, a criação do Homem deu-se por meio de esforços
conscientes de seres divinos, que ela chama de Dhyan-Chohans, que são a origem
da Mônada que habita todo ser humano.
Blavatsky não nega que a evolução
dos animais e do Homem estão relacionadas. No entanto, ela alega que os homens
não são primatas, como afirma a teoria da evolução. Ao contrário, para
Blavatsky, os primatas são descendentes de antigas raças humanas que se
degeneraram.
A
Religião na Pré – História
Faz-se importante esclarecer o
período denominado Pré – História designa tudo o que ocorreu desde o
aparecimento do primeiro ser com postura ereta até o aparecimento da escrita.
Esta denominação foi um equivoco, pois acreditava-se que tudo que tivesse
ocorrido e não possui-se um registro escrito não poderia ser considerado como
História, ou seja sem a escrita não haveria história para contar. Entretanto,
existem outras ciências que auxiliam nesse trabalho de explicação da história
da humanidade que são arqueologia, paleontologia e a antropologia.
Alguns fósseis encontrados na Europa
e na Ásia confirmam que os homens de Neanderthal e o Cro-Magnon já tinham
alguma forma de crença. O indicio mais antigo de prática relacionada à religião
é o sepultamento. A prática da inumação revela uma preocupação com a vida após
a morte, outro aspecto recheado de significados é a posição em que o corpo é
encontrado, ele é virado para o leste, marcando a intenção de tornar o destino
da alma solidário com o curso do sol, com a esperança de um renascimento. E
também é posto em forma fetal, tendo a terra, no caso a cova, o simbolismo do útero.
Oferendas e diversos tipos de adornos foram encontrados, que provavelmente
serviriam para acompanhar na vida após a morte.
Fóssil em posição Fetal
Outras formas de manifestações da
religiosidade no Periodo Paleolítico são as pinturas em cavernas/ grutas e as inúmeras
estatuetas femininas. As estatuetas representam o culto fertilidade feminina,
representam a Grande Mãe a Deusa, figuras e símbolos femininos ocupam lugar
central durante esse período.
Representação da Grande Mãe a Deusa -
Período Paleolítico
FONTES CONSULTADAS
AZEVEDO, Antonio Carlos do Amaral. Dicionário de Nomes, Termos e Conceitos Históricos. Rio de Janeiro; Nova Fronteira, 1999.
GIORDANI, Mário Curtis. História da Antiguidade Oriental. Petropólis; Vozes, 2001.
ALVES, Alexandre, OLIVEIRA, Leticia Fagundes de. Conexões com a História. Volume 1 Das Origens do Homem à Conquista do Novo Mundo. São Paulo, Moderna, 2010