segunda-feira, 7 de maio de 2012

Projetos Pedagógicos


ENSINO ZEN


Meditação entre as lições


Eldorado do Sul – Quem diria que entoar mantras poderia ajudar a diminuir a violência? Um projeto realizado na Escola Estadual Hiroshima, em Eldorado do Sul, dedicado a ensinar a prática da meditação para crianças em idade escolar, vem reduzindo a ansiedade e transformando o comportamento dos estudantes.

Esse é o trabalho que a médica psiquiatra Anmal Arora desenvolve há pouco mais de dois anos pelo projeto Meditação pela Paz, como parte das ações da ONG Mente Viva. Com cerca de 15 minutos diários de concentração e entoação de mantras, as crianças ficam mais tranquilas, afetuosas e apresentam melhoras cognitivas e comportamentais.

– Depois que as sessões de meditação iniciaram, até as brincadeiras na hora do intervalo tornaram-se diferentes. O futebol do recreio nunca mais foi o mesmo – afirma a diretora da escola, Eliana Salazar, ao explicar que com os níveis de ansiedade reduzidos, os alunos brigam menos.
O trabalho desenvolvido no Brasil é uma adaptação de um projeto trazido dos Estados Unidos, em cidades com alta criminalidade. Segundo a indiana, um estudo feito em Washington acompanhou o projeto aplicado em 8 mil crianças, durante oito semanas, verificando 25% de redução da violência.
Nascida na Índia, Anmal traz de casa o gosto pela técnica de relaxamento oriental. Foi seu pai, o físico quântico Harbans Lal Arora, quem trouxe o projeto para o Brasil. Formada em Medicina e especializada em Psiquiatria, a indiana utiliza técnicas de autoconhecimento e ioga. Nas escolas, destaca a importância de capacitar os educadores.

– Ensinamos os professores a trabalhar a meditação em sala de aula, pois eles estão presentes no dia a dia da escola. Se o professor está mais tranquilo, confiante, otimista, ele reclama menos e faz mais, e também vai levar isso para sua turma– afirma Anmal.
O trabalho voluntário terá os efeitos medidos pela pesquisadora em neuropsicologia Rochele Paz Fonseca, da PUCRS. O estudo deve ficar pronto até o final do ano.

A prática também poderá ser conhecida na próxima edição do TEDxLaçador, amanhã, em Viamão, na Quinta da Estância Grande.

O evento apresenta ideias inovadoras em palestras de 18 minutos e segue um modelo padrão reproduzido em diversos locais do mundo. Assim como Anmal, outros profissionais terão a oportunidade de relatar experiências.

LARA ELY


Postado : FELIPE FRANCO

Universalismo - Um Caminho para a Paz

"Até que todos por amor se Unam"               

Existem vários caminhos para chegar até Deus . Conhecer diferentes crenças é como viajar por outros mundos e entender de forma mais clara que há vários caminhos para chegar à religiosidade.
            Como as religiões abordam o mistério incompreensível para nossa mente finita, elas lançam mão da linguagem dos símbolos, que, por sua vez, inspiram e ensinam. Os símbolos constituem uma gramática atemporal que permite acessar verdades espirituais.

A "Lua Crescente" foi adotada como símbolo pelo islã no século XIV

 

A " Mão de Deus" também é conhecida como " Mão de Fátima" ( A Filha de Maomé ).


A " Roda da Lei" representa os ensinamentos budistas.


O Peixe é um símbolo que representa o cristianismo.


A Estrela de Davi é o principal símbolo do judaísmo e do Estado de Israel.


Vídeo sobre Diversidade Religiosa e Direitos Humanos, produzido pelo Centro de Referência de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos para a Diversidade Religiosa -CRDHDR.











domingo, 6 de maio de 2012

Discurso da Dissolução


A Ordem da Estrela no Oriente foi fundada em 1911 para proclamar o advento do Instrutor do Mundo. Krishnamurti fora nomeado o Dirigente da Ordem. Em 3 de agosto de 1929, dia da abertura do Acampamento Anual da Estrela, em Ommen, Holanda, Krishnamurti dissolveu a Ordem diante de 3.000 membros. Abaixo está o texto completo da palestra que ele deu naquela ocasião.
“Vamos discutir nesta manhã a dissolução da Ordem da Estrela. Muitas pessoas ficarão encantadas, enquanto outras ficarão um tanto tristes. Não é uma questão nem para júbilo nem para tristeza, porque é inevitável, como eu vou explicar. “É possível que vocês se lembrem da história de como o diabo e um amigo dele estavam descendo a rua quando viram à sua frente um homem se agachar e pegar algo do chão, dar uma olhada e colocar no bolso. O amigo perguntou ao diabo: “Que foi que o homem pegou?” “Ele pegou um pedaço da verdade”, respondeu o diabo. “Isso é um negócio muito ruim pra você, então”, disse o amigo dele. “Oh, de modo algum”, retrucou o diabo, “Vou deixar que ele a organize”.
Eu afirmo que a Verdade é uma terra sem caminhos, e vocês não podem alcançá-la por nenhum caminho, qualquer que seja, por nenhuma religião, por nenhuma seita. Este é o meu ponto de vista, e eu o confirmo absoluta e incondicionalmente. A Verdade, sendo ilimitada, incondicionada, inacessível por qualquer caminho que seja, não pode ser organizada; nem pode qualquer organização ser constituída para conduzir ou coagir pessoas para qualquer senda particular. Se vocês logo compreendem isso, verão o quanto é impossível organizar uma crença. Uma crença é algo puramente individual, e vocês não podem e não devem organizá-la. Se o fizerem, ela se torna morta, cristalizada; torna-se um credo, uma seita, uma religião a ser imposta aos outros. Isto é o que todos estão tentando fazer mundo afora. A Verdade é restringida e usada como joguete por aqueles que são fracos, por aqueles que estão apenas momentaneamente desgostosos. A Verdade não pode ser rebaixada, mas, em vez disso, deve o indivíduo fazer esforço para ascender até ela. Vocês não podem trazer o topo da montanha para o vale. Se querem atingir o cume da montanha, vocês devem atravessar o vale e escalar as escarpas sem medo dos perigosos precipícios.
Portanto, esta é a primeira razão, do meu ponto de vista, pela qual a Ordem da Estrela deva ser dissolvida. Nada obstante, vocês provavelmente formarão novas Ordens, continuarão a pertencer a outras organizações em busca da Verdade. Eu não quero pertencer a nenhuma organização do gênero espiritual, por favor, compreendam isto. Eu faria uso de qualquer organização que me levasse a Londres, por exemplo; isso é um tipo bastante diferente de organização, meramente mecânica, como o correio e o telégrafo. Eu usaria um automóvel ou um vapor para viajar, esses são apenas mecanismos físicos, os quais nada têm a ver com espiritualidade. Novamente, eu sustento que nenhuma organização pode conduzir o homem à espiritualidade.
Se uma organização for criada com esse propósito, ela se transforma numa muleta, um ponto fraco, uma dependência, incapacita o indivíduo, e impede-o de crescer, de estabelecer sua singularidade, que reside na descoberta que ele deve fazer – por si mesmo - daquela Verdade absoluta, não condicionada. Esta é, portanto, outra razão pela qual eu decidi, uma vez que aconteceu de ser eu o Dirigente da Ordem da Estrela, dissolvê-la. Ninguém persuadiu-me a tomar esta decisão. Isto não é nenhuma grande façanha, porque eu não quero seguidores, deixo isso claro. No momento em que vocês seguem alguém, deixam de seguir a Verdade. Não estou preocupado em saber se vocês prestam atenção ao que eu digo ou não. Eu quero fazer determinada coisa no mundo e eu vou fazê-la com resoluta concentração. Estou interessado somente numa coisa essencial: libertar o ser humano. Eu desejo libertá-lo de todas as prisões, de todos os temores, e não fundar religiões, novas seitas, nem estabelecer novas teorias e novas filosofias. Então vocês naturalmente me perguntam por que eu sigo mundo afora, falando continuamente. Eu lhes direi por que razão eu faço isso: não porque eu deseje seguidores, não porque eu queira um grupo especial de discípulos especiais. (Como os homens gostam de ser diferentes de seus semelhantes, por ridículas, absurdas e banais que suas distinções possam ser! Eu não quero encorajar esse disparate). Não tenho discípulos ou apóstolos, quer na terra quer no reino da espiritualidade. “Não é a sedução do dinheiro nem o desejo de viver uma vida confortável o que me atrai. Se eu quisesse uma vida confortável eu não teria vindo a um acampamento ou a viver num país úmido. Estou falando francamente porque quero isso estabelecido de uma vez por todas. Não quero essas discussões pueris ano após ano.
Um jornalista que me entrevistou considerou uma façanha o ato de dissolver uma organização na qual havia milhares e milhares de membros. Para ele isso foi um grande feito, porque ele disse: “O que você fará doravante, como você viverá? Você não terá nenhum séquito, as pessoas não mais o ouvirão”. Se houver apenas cinco pessoas que ouçam, que tenham suas faces voltadas para a eternidade, isso será suficiente. De que serve ter milhares de pessoas que não compreendem, que estão totalmente imersas em preconceito, que não querem o novo, mas que até mesmo traduziriam o novo para satisfazerem seus próprios eus estéreis e estagnados? Se eu falo de forma contundente, por favor, não me entendam mal, não é por falta de compaixão. Se vão um cirurgião para uma operação, não seria bondade da parte dele operar mesmo que lhes cause dor? Da mesma forma, se eu falo de maneira direta, não é por falta de afeto verdadeiro – pelo contrário.
Tal como disse, tenho um só propósito: tornar o homem livre, impulsioná-lo para liberdade, auxiliá-lo a romper com todas as limitações, por que somente isso lhe dará felicidade eterna, lhe dará a incondicionada realização do ser.
Porque eu sou livre, incondicionado, completo, não a parte - não a relativa mas a Verdade inteira que é eterna – eu desejo que aqueles que buscam compreender-me sejam livres: não que me sigam, não que façam de mim ma prisão que se transforme em religião, uma seita. Ao contrário, eles deveriam estar livres de todos os medos, do medo da religião, do medo da salvação, do medo da espiritualidade, do medo do amor, do medo da morte, do medo da própria vida. Assim como um artista pinta um quadro porque se deleita com essa pintura, porque ela é sua autoexpressão, sua glória, seu bem-estar, assim faço isso, e não porque eu queira algo de alguém. “Vocês estão acostumados com a autoridade, ou com a atmosfera de autoridade, a qual vocês acham que os conduzirá à espiritualidade. Vocês pensam e esperam que alguém possa, por meio de seus extraordinários poderes – um milagre – transportá-los a esse reino de eterna liberdade que é a Felicidade. Toda sua concepção de vida está baseada nessa autoridade.
Vocês têm-me ouvido por três anos, sem que qualquer mudança tenha ocorrido, exceto em uns poucos. Analisem agora o que eu estou dizendo, sejam críticos, de forma que vocês entendam radicalmente, fundamentalmente. Quando vocês procuram uma autoridade que os conduza à espiritualidade, vocês são automaticamente instados a construir uma organização em torno daquela autoridade. Pela simples criação de tal organização, a qual, vocês pensam, auxiliará essa autoridade a conduzi-los à espiritualidade, vocês estão encerrados numa prisão.
Se falo com franqueza, por favor, lembrem-se de que assim o faço não por aspereza, não por crueldade, não por entusiasmo do meu propósito, mas porque eu quero que vocês entendam o que eu estou dizendo. Esta é a razão porque vocês estão aqui, e seria uma perda de tempo se eu não explicasse claramente, decisivamente, meu ponto de vista. “Por dezoito anos vocês vêm-se preparando para este evento, para a Vinda do Instrutor do Mundo. Durante dezoito anos vocês se organizaram, procuraram alguém que desse um novo deleite para seus corações e mentes, que transformasse toda a sua vida, que lhes desse uma nova compreensão; por alguém que os alçasse a um novo plano de vida, que lhes desse um novo alento, que os libertasse – mas agora, vejam o que está acontecendo! Reconsiderem, ponderem consigo mesmos, e descubram de que maneira essa crença os tornou diferentes – não com a diferença superficial de usar de um crachá, que é banal, absurda. De que maneira tal crença lhes varreu da vida todas as coisas inessenciais? Essa é a única maneira de ponderar: de que modo vocês estão mais livres, mais nobres, mais perigosos para qualquer Sociedade que seja baseada no falso e no inessencial? De que maneira os membros desta organização da Estrela tornaram-se diferentes? Como eu disse, vocês vêm-se preparando para mim durante dezoito anos. Não me importa se vocês acreditam que eu sou o Instrutor do Mundo ou não. Isto tem muito pouca importância. Desde que vocês pertencem à organização da Ordem da Estrela, vocês têm dado seu apoio, sua energia, reconhecendo que Krishnamurti é o Instrutor do Mundo – parcial ou inteiramente: totalmente, por aqueles que estão realmente buscando, apenas parcialmente por aqueles que estão satisfeitos com suas próprias meias verdades.
Vocês vêm-se preparando por dezoito anos, e vejam quantas dificuldades há no processo de sua compreensão, quantas complicações, quantas coisas vulgares. Seus preconceitos, seus temores, suas autoridades, suas igrejas, novas e antigas, tudo isso, afirmo, são uma barreira para a compreensão. Não consigo fazer-me mais claro do que isso. Não quero que concordem comigo, não quero que me sigam, quero que entendam o que eu estou dizendo. “Essa compreensão é necessária porque sua crença não os transformou, mas apenas os complicou, e porque vocês não estão dispostos a enfrentar as coisas como elas são. Vocês querem ter seus próprios deuses, - novos deuses em vez dos antigos, novas religiões no lugar das antigas, novas fórmulas no lugar das antigas, todos igualmente sem valor, todos barreiras, todos limitações, todos muletas. No lugar de velhas preferências espirituais vocês têm novas preferências espirituais, em vez de antigas adorações vocês têm novas adorações. Todos vocês dependem, para sua espiritualidade, para sua felicidade, para sua iluminação, de outra pessoa; e nada obstante vocês estejam se preparando para mim por dezoito anos, quando eu digo que essas coisas são inúteis, quando eu digo que vocês devem jogá-las fora e olhar para dentro de vocês próprios para a iluminação, para a glória, para a purificação, e para a incorruptibilidade do ser, nenhum de vocês está disposto a fazê-lo. Pode haver uns poucos, mas muito, muito poucos. Então, por que se ter uma organização?
Por que ter pessoas falsas, hipócritas me seguindo, a personificação da Verdade? Por favor, lembrem-se de que não estou dizendo algo cruel ou indelicado, mas chegamos a uma situação em que vocês têm que enfrentar as coisas como elas são. Eu disse no ano passado que não transigiria. Muito poucos me ouviram, então. Este ano eu tornei isso absolutamente claro. Eu não sei como milhares de pessoas mundo afora – membros da Ordem – têm-se preparado para mim durante dezoito anos, e ainda agora não querem escutar incondicionalmente, inteiramente o que eu digo.
Tal como disse antes, meu propósito é tornar o ser humano incondicionalmente livre, daí eu reafirmo que a única espiritualidade é a incorruptibilidade do eu que é eterno, é a harmonia entre razão e amor. Esta é a absoluta, incondicionada Verdade que é a própria Vida. Quero, por isso, libertar o ser humano, exultante como o pássaro no céu claro, aliviado, independente, extático nessa liberdade. E eu, para quem vocês estão se preparando por dezoito anos, digo agora que vocês devem estar livres de todas essas coisas, livres de suas complicações, suas confusões. Para isto vocês precisam não possuir uma organização baseada em crença espiritual. Por que ter uma organização para cinco ou dez pessoas no mundo que compreendem, que estão batalhando, que puseram de lado todas as coisas banais? E para as pessoas frágeis não pode haver organização nenhuma que as ajude a encontrar a Verdade, porque a verdade está dentro de todos; ela não está longe nem perto; está eternamente aí.
Organizações não podem torná-los livres. Nenhum homem de fora pode torná-los livres; nem o pode o culto organizado, nem a imolação de vocês mesmos por uma causa os torna livres; nem enfileirando-se em uma organização, nem lançando-se em trabalhos, os torna livres. Vocês usam uma máquina de escrever para escrever cartas, mas vocês não a colocam em um altar e a adoram. Mas é isto que vocês estão fazendo quando as organizações tornam-se seu principal interesse.
“Quantos membros ela tem?” Esta é a primeira pergunta que me fazem os jornalistas. “Quantos seguidores você tem? Pelo número deles julgaremos se o que você diz é verdadeiro ou falso”. Não sei quantos eles são. Não estou preocupado com isso. Como disse, se houvesse mesmo um que se tenha tornado livre, isso seria suficiente.
De novo, vocês têm a ideia de que somente determinadas pessoas possuem a chave do Reino da Felicidade. Ninguém a possui. Ninguém tem a autoridade para possuir tal chave. Essa chave é seu próprio eu, e no desenvolvimento e na purificação e na incorruptibilidade desse eu particular está o Reino da Eternidade.
Então vocês verão como é absurda toda a estrutura que vocês construíram, procurando ajuda externa, dependendo de outros para o seu consolo, sua felicidade, para sua força. Estes somente podem ser encontrados dentro de vocês mesmos.
Vocês estão acostumados a que lhes digam o quanto vocês avançaram, qual é sua posição espiritual. Quanta infantilidade! Quem além de você mesmo pode dizer se você está bonito ou feio por dentro? Quem além de você mesmo pode dizer se você é incorruptível? Vocês não são sérios nessas coisas.
Mas aqueles que realmente desejam compreender, aqueles que estão tentando encontrar o que é eterno, sem começo e sem fim, caminharão juntos com uma intensidade maior, serão um perigo para tudo que não seja essencial, para fantasias, para obscuridades. E eles se concentrarão, eles se tornarão luz, porque compreendem. Tal união nós devemos criar, e este é o meu propósito. Por causa dessa real compreensão, haverá verdadeira solidariedade. Por causa dessa verdadeira solidariedade – que vocês não parecem conhecer - haverá verdadeira cooperação da parte de cada um. E isto não devido à autoridade, não por causa da salvação, não devido à imolação por uma causa, mas porque vocês realmente compreendem, e então são capazes de viver no eterno. Isso é uma coisa mais elevada que qualquer prazer, que qualquer sacrifício.
Essas são, portanto, algumas das razões porque, após cuidadosa consideração durante dois anos, eu tomei esta decisão. Não foi um impulso momentâneo. Não fui persuadido a isso por ninguém. Não me persuadem em tais coisas. Durante dois anos tenho pensado sobre isto, morosamente, cuidadosamente, pacientemente, e agora decidi dissolver a Ordem, uma vez que aconteceu ser eu seu Dirigente. Vocês podem formar outras organizações e esperar por outra pessoa. Não estou preocupado com isso, nem com a criação de novas prisões, novas ornamentações para esses cárceres. Meu único interesse é tornar o ser humano absolutamente, incondicionalmente livre.


terça-feira, 1 de maio de 2012

O Fenômeno da Nova Era no Brasil I


O Surgimento e desenvolvimento da Nova Era no Mundo



                O termo Nova Era, faz referência a um novo ciclo que segundo os astrólogos esta se iniciando, durante esse período ira ocorrer importantes mudanças em toda a humanidade. Essa Nova Era, é a de Aquário, que ira trazer grandes mudanças na maneira de agir, de pensar e de os homens se relacionarem uns com os outros, com a natureza, alem de ser um período de aproximação do Homem com seu lado Divino.  Existem algumas divergências a respeito do inicio preciso dessa nova fase mais todos concordam que se iniciou na virada do milênio.
          A professora Leila Amaral em seu livro Carnaval da Alma, afirma que o movimento Nova Era possui suas raízes em algumas manifestações espiritualistas e esotéricas do século XIX, como o da tradição teosófica, somando-se mais uma reinterpretação ocidental da religião hindu. A utilização de práticas misticas de outras tradições culturais, não ocidentais, vai se tornar ao longo do tempo uma das atitudes mais características desse fenômeno. 
             No entanto, é possível perceber algumas mudanças significativas na humanidade, nos costumes na maneira de agir e de pensar ainda na década de 60, que poderíamos definir como a aurora da Nova Era, e como um ponto de referência temos um musical intitulado “ Hair “ cuja a musica principal é Aquarius, esse fenômeno ficou conhecido nos EUA, como contracultura, mas espalhou-se para praticamente todo o mundo Ocidental.
            A história desse movimento tem seu inicio ainda na década de 50, com seus poetas e escritores com destaque Alan Ginsbug, Jack Keuroack, seguindo e se estendendo para as décadas de 60, com um engajamento mais político em manifestações pacifistas contra a Guerra do Vietnã, tendo como ponto ápice a Primavera de Praga em 1968 na França.
            Esse movimento que andava contra os padrões culturais da época, proporciona uma mudança significativa na organização familiar, introduzindo novos modos de consumo, de pensar na sociedade ocidental, alem de novos valores espirituais. Rompendo com os padrões Bíblicos conservadores e protestante da sociedade norte-americana. As idéias filosóficas e as religiões orientais começam a ganhar força no mundo ocidental.
            Essa renovação espiritual, a busca por novos caminhos místicos, não foi apenas um produto da contracultura, existem raízes mais profundas que se encontram nas práticas transcendentais norte americano do século XIX que são estes Ralph Waldo Emerson, Henry Thoreau, na teosofia desenvolvida por Helena Blavastsky, Henry S. Olcott e Annie Besant além de algumas correntes esotéricas e ocultistas de origem Européia.  Tendo como um marco importante o Congresso Mundial das Religiões de Chicago em 1893.Que foi a primeira reunião de representantes de varias religiões nos EUA, culminando, em 1897, com fundação da Vedanta Society por Swami Vivekananda, o qual teve como seu guru Prabhavananda, guru de Aldous Huxley.


Congresso Mundial das Religiões de Chicago em 1893

            Estabelecendo contato com a contracultura estes ensinamentos conseguiram atingir um público mais amplo e aumentou o contato do Ocidente com o Oriente, sendo os pólos a costa oeste dos EUA, Londres, e centros religiosos da Índia, Tibet e do Extremo Oriente.
            De acordo com o livro O Brasil da Nova Era, um dos pontos importantes para consolidação da Nova Era estão duas instituições: O Instituto Esalen, sediado na California e a comunidade Findhorn.
            O Instituto Esalen, tornou-se um movimento voltado para a pesquisa e para desenvolver o potencial do Eu, libertando o individuo da ordem social, cultural e institucional do mundo ocidental conhecido como Movimento do Potencial Humano.
            A Comunidade Findhorn, situada na Escocia, tinha a característica de uma comunidade rural alternativa, destacavam a importância do nosso  “eu” encontrar com sua fonte primordial e divina.
            Outra contribuição significativa, as pesquisas realizadas pelo físico Fritjof Capra, que no livro o Tao da Física de 1974, estabelece um paralelo entre a física moderna e o misticismo oriental. Outra obra importante é seu livro Ponto de Mutação. Com estas obras singulares, a Nova Era deixa de ser vista como extravagância de Hippies, tornando-se pouco a pouco um florescente campo de negócios na década de 80.
            Outra obra que faz se necessário destacar são os livros do antropólogo Carlos Castaneda, onde relata suas experiências xamânicas, que introduz a esse movimento da Nova Era os ensinamentos das culturas indígenas.
           
A Nova Era no Brasil

            No Brasil, esse florescer da Nova Era demorou um pouco mais para começar, para isso deve se destacar as peculiaridades do país e o seu contexto político na década de 60. A juventude estava envolvida com os problemas da desigualdade social, nessa época o eixo de discussão tem uma linha mais politizada. É somente a partir da década de 70, com repressão da Ditadura militar, que apresentam condições para o surgimento dos aspectos mais místicos e individualizados da nova era.
            Muito do que se costuma enquadrar dentro das tendências da Nova Era, já existiam no Brasil, muito antes desse período. Algumas sociedades Iniciáticas estão presentes no Brasil desde o século XVIII, é o caso da Maçonaria, a primeira agrupação de maçons foi fundada em Pernambuco em 1797, pelo médico ex frade Arruda Câmara.
            No Rio  Grande do Sul na cidade de Pelotas foi fundada a primeira loja Teosofica do Brasil em 1902, sob a denominação de Dharma. Oficialmente a primeira loja Teosofica, filiada a Theosofical Society com sede em Madras, foi fundada no Rio de Janeiro em 1919.


 Revista o Teosofista de 1938


Em 1960

            Alem desses temos em 1909 o Circulo Esotérico da Comunhão do Pensamento, criado em São Paulo juntamente com a livraria o Pensamento e revista fundada em 1907 que foram importantes para divulgação de pensamentos cuja orientação e crenças era diferentes dos da época.

Revista o Pensamento de 1952

            A Sociedade Antroposófica no Brasil com seguidores em Porto Alegre já em 1910 foi oficialmente fundada em 1935. A Sociedade Teosofica Brasileira teve seu começo em 1916 no Rio de Janeiro passou a chamar-se Eubiose em 1969. A Rosa Cruz AMORC é de 1956 e a Rosa Cruz Aurea é de 1957, todas em atividade em com influencia no contexto da Nova Era.
            As religiões de origem oriental, como o budismo  vieram junto com os imigrantes em especial japoneses. Estão presentes no Brasil desde o início do século XX. O primeiro templo budista do Brasil data de 1932, construído em Cafelândia. Somente após a segunda guerra mundial, é que os templos e associações se difundem no Brasil.
            A comunidade budista Sotô Zenshû, foi reconhecida em 1955, e teve seu templo Zengenji, construído em Mogi das Cruzes. Isso ocorreu com as chamadas new religious a SEICHO NO IE é de 1952, a perfect Liberty é de 1958 e a Sokka Gakkai é de 1960. Com isso tem destaque a Acupuntura e algumas modalidades de artes marciais.
Zengenji temple
     Templo Budista  Zebgenji - Mogi dasCruzes

Fonte: AMARAL, Leila. Carnaval da Alma: Comunidade, essencia e sincretismo na Nova Era. Petropolis: Vozes, 2000
MAGNANI, Jose Guilherme. O Brasil da Nova Era.